Wednesday, December 31, 2008

Melancolia

Cheguei a mais um fim... apenas uma etapa simbólica, ao redor da qual controlamos e estabelecemos nossas vidas. Dentro deste ciclo, encontro-me só. (Minha escolha.) Calado. (Minha opção.) E vazio. (Minha prisão.) Refugiei-me como proteção, pois vivenciei meus sonhos e vontades. Não realizaram-se, não permaneceram. Decepcionei-me. E acabei com um gosto amargo em minha boca, depois que o sabor doce já havia esvaecido de mim.

Encontro-me, então, em um misto de desilusões e vazios, que são coroados por expectativas excessivas e responsabilidades bastardas. Quando penso me livrar de todas elas, surgem fardos e cobranças que fazem questão de impedir qualquer movimento meu fora da linha. Meu maior inimigo sou eu, que imponho a mim tantas barreiras e uma busca eterna pela perfeição e pela transcendência.

A desilusão e o desespero tornam-se companheiros recorrentes de minha história. E a dor resultante é somente mais uma, diante das que eu mesmo de exponho. Como forma de proteção, distancio-me de meus sonhos, entregando-me a mecanicismos que possuem a falsa desculpa de sobreviver.

Sou aturdido por cargas emocionais descomunais. Tenho dificuldade de assimilá-las e o que resta é uma vontade imanente de fuga. Euforia! Não consigo, então, dissociar-me de tal peso e colocar-me novamente no caminho correto, em busca de meus sonhos.

Sinto que o mundo a minha volta está em chamas. E eu, inocentemente, danço... lentamente.

(31/12/2008)

Tuesday, November 25, 2008

Vícios

O mundo gira em volta de minha cabeça
tamanho o frio que me abate
e tudo torna-se tão grande e inatingível a minha volta

Sinto-me distante de tudo
incluindo de meu próprio corpo.
Retiram-me todos os órgãos,
expondo um nada resultante.

Esta nudez simbólica
torna-me mais ligado
à abstinência que toma conta de meus sentidos
e traz-me maior necessidade.

Encontro-me em uma dúvida
- puramente conceitual -
sobre o que tanto me falta.

Em horas estou certo que é o sentimento,
para logo depois dizer que é a reciprocidade.

(17/03/2008)

Saturday, April 26, 2008

Cama Vazia

Não tenho mais medo
de enfrentar esta cama vazia.
Já deixei de procurar
algo que possa ocupar o espaço
que você deixou ao meu lado.


Deito-me no centro,
cercado por meus sonhos,
com os olhos em minhas fontes eternas de inspiração.


Criei meu recanto,
o conforto para que eu possa existir.
Outra escolha acertada
para criar o meu melhor refúgio.


(10/02/2008)

Sunday, January 13, 2008

Permanente Dormência

Quero encontrar-me em um estado permanente de dormência.

Anestesiado de um mundo

que com luzes brilhantes

nos condiciona à solidão.


A cidade absorve-me,

transformando sentimentos em neblina

e refletindo no horizonte a desilusão

da multidão gélida que nos cerca.


Os prédios tornam-se infinitos,

ressaltando a insignificância que representamos

em meio a tanto concreto.


Aprisionam-se os sentimentos,

entre luzes e sombras.

E aos poucos morrem,

até tornarem-se somente corpos

em meio a escombros de uma vida.


(08/01/2008)